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“Foi muito instigante ver as reações do público”, diz idealizadora de videoarte sobre colapso climático

Redação

Terra-Corpo foi exibido em quatro escolas públicas de Cuiabá e atingiu 327 pessoas

Foto: Anne Mathilde

Trezentos e dez estudantes de escolas públicas de Cuiabá e 17 professores participaram do projeto Terra-Corpo, idealizado pela atriz e diretora Katiuska Luzz. A iniciativa desenvolveu uma videoarte, que foi exibido nas unidades escolares, propondo uma reflexão sobre as causas do colapso climático que o planeta Terra enfrenta.


Foram envolvidos 140 estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental e seus professores, em duas exibições no Escola Cívico Militar Profª Maria Dimpina Lobo Duarte, além de 170 estudantes do Ensino Médio e outros educadores assim distribuídos: Escola Estadual Prof. Heliodoro Capistrano da Silva – 60 estudantes e dois adultos; Escola Estadual Pascoal Moreira Cabral – 70 estudantes e sete adultos; e Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves-40 estudantes e dois adultos.


“Desde a escrita do projeto, quis dialogar com estudantes do Ensino Fundamental I. Contudo, foi com estudantes do Ensino Médio que o debate foi mais proveitoso. Professores e professoras tiveram um papel crucial na mediação, por conhecerem os estudantes, conseguiam estimular o debate. Foi muito instigante ver as reações do público, tanto dos estudantes, como dos professores e professoras”, narrou Katiuska Luzz sobre sua perspectiva do impacto da ação.


O momento de arte-educação se deu por meio da exibição da videoarte Terra-Corpo, que relaciona o modo de vida dos seres humanos à emergência climática do planeta, com foco em sensibilizar os estudantes para a necessidade do cuidado ambiental. O encontro com os estudantes previu jogos performativos da linguagem teatral e uma breve introdução à temática de responsabilidade com o meio ambiente. Em seguida, o vídeo foi projetado e a equipe, junto aos professores, conduziu um debate entre os estudantes.


“Senti que a videoarte possui uma estética forte e contundente a partir dos símbolos utilizados. Fico com a impressão de que, apesar de ser um trabalho que passou como um relâmpago pelas escolas, tem grandes chances de ter impressionado o público, para que, juntamente com os debates, os participantes continuem a reflexão e os questionamentos sobre a crise climática”, concluiu Katiuska.



O professor de Geografia Bruno Chico acompanhou os debates com os adolescentes da Escola Heliodoro Capistrano da Silva, localizada no Parque Cuiabá. “Gostei muito, os alunos também adoraram. Nessa faixa etária [16 e 18 anos], eles já são consumidores e trabalhadores e estão aptos a discutir [a temática ambiental]. O projeto trouxe a importância da discussão sobre as nossas motivações de consumo, a maneira como fazemos isso e como isso influência o futuro. Foi fundamental esse debate ter sido feito por pessoas de fora da escola, mas que também fazem parte do ambiente da Educação”.


O projeto Terra-Corpo foi aprovado no edital Fornada, da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer de Cuiabá (SMCEL), com recursos da Lei Paulo Gustavo. A realização é da SMCEL, do Conselho Municipal de Cultura de Cuiabá e do Ministério da Cultura, com apoio do Centro Cultural Casa Cuiabana.


A proposta nasceu das inquietações de Katiuska em seu doutorado em Estudos de Cultura Contemporânea, na Universidade Federal de Mato Grosso, a partir da relação de uma sociedade que só busca produtividade e consumismo, sem responsabilidade com a natureza, pautada em uma relação colonial de exploração. Ela convida para os questionamentos: “Quais as relações entre o colapso climático e o cansaço? Entre o colapso climático e o consumismo? Entre a exigência de alta produtividade e a ansiedade, estresse, falta de respiração, infartos?”.


A videoarte conduz para a compreensão de que não há separação entre a Terra e o Corpo, com elementos cênicos de referência ao uno Terra-Corpo e de cenas como de matas devastadas pelo fogo e cidades inundadas. A narração é de uma poesia da imortal das Letras e presidenta da Academia Mato-Grossense de Letras, Luciene Carvalho, texto especialmente escrito para o projeto. “Sou o avesso da fotossíntese / Atravesso cego, guiado por meu ego / Vendo futuros que destruo”, diz o início da narração. Katiuska Luzz, além de idealizadora, atua na videoarte.


O texto é de Luciene Carvalho e Anne Mathilde faz a produção e a fotografia do projeto (desde os bastidores até a exibição nas escolas). Leonardo Djan é o filmmaker e sonoplasta; Luara Conrado, a tradutora de Libras, Maurício Motta é o designer gráfico, Priscila Mendes é assessora de imprensa e o figurino é assinado por Jane Klitzke.

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